Fui, fomos, ali aos
Pirenéus na mota... sim, é verdade! E até voltei! Mas que diabo lhe deu? Ele
até usa a mota quase todos os dias ao sol e à chuva mas isso de ir até ali, assim
num repente... o que lhe deu?!
Tanto voo
low-cost, tanto comboio, tanto carro bom com AC, tanta AE, tanta excursão
baratucha a troco de um impingir de colchões e a nós dá-nos para circular num
veículo... do lado de fora?!
Pode até
parecer um paradoxo mas quando se experimenta, quando se leem algumas crónicas
de pessoas que vão aparecendo por aqui e ali a publicar as suas experiências, a
coisa muda de figura.
Apenas uns
dias antes o Carlos veio com a conversa dos “Col´s” e que ia e tal e coisa! E queria,
se possível, umas dicas para uns percursos naquelas bandas da “Route des Cols”
(http://www.lespyrenees.net/route_des_cols) e eu, que já por lá tinha andado,
literalmente “andado”, já que percorri alguns trilhos a pé, lá me fui pôr à
procura da coisa.
Nesta
pesquisa acabei comigo a questionar-me se não seria melhor ir até lá e
deixar-me de virtualidades. Pensado e feito! E arrastei também o Zé!
Lá nos
constituímos, portanto, em trio para ir dar uma volta de uma semanita com as
BMW GS1200, Suzuki DL 1000 (VStrom) e a minha XLV650 Transalp!
Após um
concentrado de roupa e equipamento acondicionado para caber tudo na top case e
num saco impermeável, preso ao banco com uma aranha, lá me dirigi na manhãzinha
de 05/09, Sábado, ao local de encontro.
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Saída de Lisboa |
Começou bem
pois o pai do Zé presenteou-nos com o pequeno almoço no café que abriu
especialmente para estes três clientes de excepção!
A ideia de
levar o essencial e o acto de me “destralhar” são libertadores mas confesso que
olhei com inveja para o trio de malas que aqueles marmanjos têm nas motas!
Aguenta-te
Transalp, elas não têm a experiência dos teus 80.000 Km!
Lá
arrancámos calma e paulatinamente!
A ideia
geral assentou numa tirada inicial até Pamplona com saída de Portugal, via
Vilar Formoso, sempre a fintar os pórticos da A23 com o Carlos aos comandos
desta operação, pois é um nativo da Guarda e sabe as “golpadas” todas!
Depois
seguiu-se Salamanca, Burgos, Logroño e Pamplona. Esta é a tirada mais difícil
mas vale a pena o esforço porque, 950 Km depois, estamos já a “cheirar” os Pirinéus.
Instalados
no hotel, o único que marcámos antecipadamente, ainda fomos até ao Casco
Antiguo, Ciudadela, Plaza del Castillo, Cafe Iruña, Catedral... e beber um
copo, claro, que já tínhamos encostado as máquinas! (http://www.spain.info/en/que-quieres/ciudades-pueblos/otros-destinos/pamplonairuna.html)
Passou-nos o
cansaço! Pamplona cura tudo!
Etxalar |
No dia seguinte
saímos em direcção a Irun pela N-121-A, ao longo do Rio Bidasoa e dirigimo-nos
para Etxalar, entrando definitivamente na montanha.
Daí passámos
por Sara, Sare (França), Espelette... e terminámos o dia em
Saint-Jean-Pied-de-Port. Montanha e vales já com fartura! Obrigado Esperanza
pelas tuas dicas!
Bonita terra
mas muito solicitada turisticamente face à importância que detém no Caminho de
Santiago.
Daqui para a
frente foi seguir a tal rota, pelas “Dês”! D18, D19, D16, D918... e outras pequenas
variantes que nos convidam pelo caminho mas sempre, sempre a fugir das grandes estradas
nacionais.
Col d´Altza
“abre o livro” e de seguida sacode-nos a série de montanhas e vales a que nos
propusemos fazer.
Gorges d´Holzarté |
Burdincurutcheta,
Heguichouria, Larrau (adoro estes nomes Bascos) Marie Blanche, Porteig...
Pelo
caminho, julgavam aqueles dois que vinham só papar quilómetros de mota, fizémos
uma pequena alternativa, após Larrau, para ir até às Gargantas de Holtzarté ( http://www.topopyrenees.com/randonnee-passerelle-dholzarte-600m/ )
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Col d'Aubisque |
São cerca de
45 minutos de caminhada para cada lado mas pensem em 2 horas se lá quiserem ir.
E vale bem a pena ver aqueles vales e passar na ponte suspensa a uns 140m de
altura.
Col d'Aubisque |
De papo
cheio até Laruns onde dormimos. Alguma dificuldade para encontrarmos poiso para
dormir mas, à boa maneira tuga, alguém disse a não sei quem que repetiu à
vizinha que sabia que um pequeno hotel estava fechado mas que a senhora abria
se... enfim... dormimos bem e barato!
Mais um dia,
mais uma viagem, mais uma voltinha! E que voltinha a deste dia!
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Col du Tourmalet |
Gourette,
Col d’Aubisque, Soulor, Col d´Aspin, Vale de Arreau, Aucun, Sère, Col du
Tourmalet, Saint Lary Soulan, Túnel de Bielsa, Bielsa... mais uma barrigada de
grandes paisagens. O jantar que tivemos em Bielsa também não ficou atrás! Do
melhor e, digamos assim, dormimos que nem uns santos!
Como já
tinham saudades de um trilho a pé (digo eu) levei-os até Vale de Pineta (http://www.minube.com/rincon/valle-de-pineta-a53707). Certamente um dos locais mais
bonitos e dramáticos que conheço!
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Vale Pineta |
Lá os
convenci... uma pequena rota (Cascadas Y Llanos de Larri e Caminho Marboré)
subindo pelas cascatas e descendo por um trilho até regressar ao parque de
estacionamento... eles lá iam dizendo que estavam a gostar mas são pessoas
educadas!
Já que
estavam a alinhar, de seguida, convidei-os a ir até ao Cañon de Añisclo. (http://www.viajealpirineo.com/canon-anisclo-ordesa/)
Imperdível a
via de sentido único de uns 12 Km desde Escalona! Que estrada (HU-351) ao longo
daquela fenda! E não há autocaravanas... não cabem! (http://www.dangerousroads.org/europe/spain/1837-hu-631.html)
Cañon d'Anisclo |
Chegados ao
parque de estacionamento vale também a pena parar e experimentar uma rota
a pé admirando esta paisagem. Certamente, para quem gosta, outras 2 horas bem
empregues. Mais duas somadas às outras a pé, lá atrás. e ainda não me tinham linchado! Boa gente!
Tinham(os)
direito a um prémio e fomos ficar a Ainsa com tempo para visitar esta
fantástica localidade medieval, para mais com um tempo de feição para poder
gozar as esplanadas. Grande fim de tarde merecido! (http://www.spain.info/en/que-quieres/ciudades-pueblos/otros-destinos/ainsa.html)
Tantos
elogios fizemos ao tempo que acordámos no dia seguinte com chuva! Nada de mais
mas cuidados redobrados nunca fizeram mal a ninguém! E, para variar caminho, já
com ideia de ir regressando mas por caminhos diferentes, rumámos a Huesca e à
bela Segovia onde também ficámos para a ver de noite e na manhã seguinte. Vale!
(http://www.spain.info/en/reportajes/un_dia_en_segovia.html)
Segovia |
Pela hora de
almoço lá agarrámos nas motas e vai de iniciar o regresso a Lisboa, com excepção do
Carlos que ficou pela Guarda.
Direcção
Tudela, Soria, Avila, Vale de Jerte, Plasencia, Caceres, Badajoz e Lisboa via
N4, que as AE´s pesam!
Sempre com
calma, sempre sem sobressaltos, com vontade de ter parado ainda em mais locais
que, mentalmente, vamos agendando para o futuro. Lá chegámos a casa 2.800 Km
depois.
Termino com
um agradecimento especial ao Carlos e ao Zé, os dois amigos que me acompanharam
e que foram sempre uma companhia de excelência! Também a tantos outros que pelos
seus relatos, pelo seu apoio, pelo seu incentivo e alegria na abordagem do tema
nos incentivam a ir,voltar e... contar!
Vitor,
continua a tratar-me bem da Transalp! Obrigado!
Foi bom!
Desculpem a
seca!
Até à
próxima!