terça-feira, 9 de março de 2010

A Praça do Comércio teve uma trombose!

Lembram-se da Praça do Comércio?
Aquela praça ao fundo da Baixa Lisboeta antes do rio Tejo?
A que também se chama Terreiro do Paço por ter sido morada dos Reis de Portugal desde o século XVI até ao sismo de Lisboa em 1755?
Infelizmente nessa data sucumbiu ali não só Paço mas também uma notável biblioteca com cerca de 70.000 volumes.
Mais tarde foi o ponto de partida para a recuperação e construção da Baixa com o actual formato e ganhou o nome de Praça do Comércio.
Foi também ponto de chegada de Reis e Chefes de Estado, pelo Cais das Colunas, mas esses agora preferem as salas VIP dos aeroportos.
E já não habita por lá a nobreza, nem dessa nem de outra, qual triste fado dos nossos eleitos que por ali vão pairando naqueles ministérios que já foram rosa republicano mas que agora voltaram ao amarelo original. Até o Tolan que conheceu o princípio do seu fim a 16/02/1980 dali saiu! (ai que já lá vão 30 anos). Aquilo foi cá uma novela! Filme melhor só o dos Secos e Molhados! A esta altura do campeonato já talvez alguns de vocês estão a pensar no que me terá dado para escrever este texto a armar ao historiador de Olissipo!
Eu sei que face ao nome do blog vale quase tudo mas não foi isso que me trouxe aqui!
Trouxe-me aqui mais uma notícia sobre esta imponente Praça.
Não vos quero assustar mas a Praça... teve uma trombose!
Apesar da sua resistência às asneiras que lhe foram sendo infringidas ao longo da sua existência não foi possível evitar mais este desaire.
Desde cedo Lisboa se foi desenvolvendo ao longo do Rio Tejo, desde sempre um meio privilegiado de circulação.
Por analogia, muitas estradas e caminhos-de-ferro “copiaram” o caminho dos rios e, talvez por isso, entre o concelho de Oeiras (Algés) e o concelho de Loures (zona da Expo), este eixo rodoviário tem, desculpem, tinha sempre pelo menos duas faixas de rodagem para cada lado.
Agora, na Praça do Comércio, apenas existe uma para cada lado o que se revela ser um atrofio na circulação.
Uma trombose, como li algures e vos mencionei atrás!
Tudo entupido nos dois sentidos e sem remédio à vista, parece-me a mim!
“Devolver a Praça aos Cidadãos”, são estas as palavras que estão pintadas nos painéis do estaleiro da doente, mas soam tanto a falso como aqueles anúncios dos tira gorduras fantásticos ou dos restauradores de cabelo.
Faço notar ainda que todo o tráfego vindo de Norte se passará a efectuar pelas Ruas do Arsenal e Alfandega. Simplificando, o trânsito que “desaparecer” dali irá incomodar muito mais gente nas outras ruas da Baixa, a tal Baixa viva por enquanto. Aquela Baixa onde ainda sobrevive o Martinho da Arcada.
Estranhamente, e apesar de parecer uma espécie de varrer de lixo para debaixo do tapete, o silêncio à volta da coisa mais parece um não dar jeito falar dela!
Mesmo a solução encontrada, por exemplo, para as passadeiras colocadas em frente do Cais das Colunas, que são muito bonitas mas que pura e simplesmente não se vêem, são um atentado à segurança, não só pela questão da visibilidade como no material utilizado que é extremamente escorregadio, especialmente se molhado. Perguntem a quem anda de moto e retirem conclusões.
Concordo que se deva limitar a velocidade na zona com semáforos, com radares, com lombas, com polícia ou com outro estrategema qualquer em que somos tão imaginativos (leia-se coimas) mas deixando o trânsito fluir em duas faixas!
A Praça é realmente espectacular mas também especialmente GRANDE! Grande ao ponto de nem perceber bem como vai ser ocupada, por exemplo, em dias de Verão à chapa do sol.
Os ministérios vão sair? Já pensaram verdadeiramente como tratar das dezenas de pessoas que ali dormem todas as noites ao abrigo das arcadas? Nunca pensaram em plantar árvores? Se fizeram o túnel do metro não conseguiam enterrar também o tráfego rodóviario? Isto podem ser apenas umas atoardas para o ar mas são tão ideias como as outras todas!
Reconheço com agrado o desvio dos esgotos de cerca de 100.000 habitantes de Lisboa que “desaguavam” directamente no Tejo. Esta sim uma grande obra.
Mas sabem, eu também gosto de Lisboa, nasci em Lisboa e tenho família "espalhada" entre Stª Apolónia, Bairro Alto, Santos e Algés. Perdoem-me se apenas os quero visitar sem ter que dar a volta ao mundo.

3 comentários:

  1. ahahaha..que massa numca imaginei um cara ter um blog com um nome igual ao meu.....srsrsrs legal mesmo.....
    isso td aqui no meu blog eu faço pra vcs meus leitores.......srs gente querida....demais!!!

    ahaha tb es sofredor é...( bancario....srsr )

    espero ve-lo mais no mue blog ok! xerooo!

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  2. Admiro pessoas que sabem passar da parte emocional do cérebro para o teclado, sem pensar muito. Aqui consigo ver isso! Sabe bem e liberta. Também há aqui um óptimo sentido de humor. Apesar de não ter cultura geral para perceber estas coisas (ahaha), gosto! Tens uma mente espectacular, idolatro-te! (É a primeira vez que estou a usar a 2ª pessoa doo singular.)
    Beijinhos

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  3. Eu não resisto a comentar a Trombose da Praça do Comércio...
    É fantástico quando se consegue ter a coragem de escrever e assumir em público o contrário de que se está a fazer...
    "Devolver a Praça aos Cidadãos", a mim retiraram-me a vontade de ir à baixa, roubam-me (pelo menos) uma hora ao meu dia, obrigam-me muitas vezes a aumentar o trânsito em Alfama, e fazem-me questionar se se justifica de facto ter feito a escolha de viver em Lisboa na zona ribeirinha...
    Eu moro em Santa Apolónia e trabalho em Alcântara, mega azar.
    Acho que tenho o direito de reclamar por ter de fazer Alcântara, Pç de Espanha, Olaias, Santa Apolónia...
    Eu carinhosamente passei a chamar aquele troço da zona ribeirinha o "Eixo do Mal".
    Ou como diz o Ivan, a mãe de quem fez este projecto não passa por aqui...ou então ele não gosta mesmo da mãe...

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