domingo, 20 de setembro de 2015

Fomos ali aos Pirinéus!


Fui, fomos, ali aos Pirenéus na mota... sim, é verdade! E até voltei! Mas que diabo lhe deu? Ele até usa a mota quase todos os dias ao sol e à chuva mas isso de ir até ali, assim num repente... o que lhe deu?!
Tanto voo low-cost, tanto comboio, tanto carro bom com AC, tanta AE, tanta excursão baratucha a troco de um impingir de colchões e a nós dá-nos para circular num veículo... do lado de fora?!
Pode até parecer um paradoxo mas quando se experimenta, quando se leem algumas crónicas de pessoas que vão aparecendo por aqui e ali a publicar as suas experiências, a coisa muda de figura.
Apenas uns dias antes o Carlos veio com a conversa dos “Col´s” e que ia e tal e coisa! E queria, se possível, umas dicas para uns percursos naquelas bandas da “Route des Cols” (http://www.lespyrenees.net/route_des_cols) e eu, que já por lá tinha andado, literalmente “andado”, já que percorri alguns trilhos a pé, lá me fui pôr à procura da coisa.
Nesta pesquisa acabei comigo a questionar-me se não seria melhor ir até lá e deixar-me de virtualidades. Pensado e feito! E arrastei também o Zé!
Lá nos constituímos, portanto, em trio para ir dar uma volta de uma semanita com as BMW GS1200, Suzuki DL 1000 (VStrom) e a minha XLV650 Transalp!
Após um concentrado de roupa e equipamento acondicionado para caber tudo na top case e num saco impermeável, preso ao banco com uma aranha, lá me dirigi na manhãzinha de 05/09, Sábado, ao local de encontro.
Saída de Lisboa
Começou bem pois o pai do Zé presenteou-nos com o pequeno almoço no café que abriu especialmente para estes três clientes de excepção!
A ideia de levar o essencial e o acto de me “destralhar” são libertadores mas confesso que olhei com inveja para o trio de malas que aqueles marmanjos têm nas motas!
Aguenta-te Transalp, elas não têm a experiência dos teus 80.000 Km!
Lá arrancámos calma e paulatinamente!
A ideia geral assentou numa tirada inicial até Pamplona com saída de Portugal, via Vilar Formoso, sempre a fintar os pórticos da A23 com o Carlos aos comandos desta operação, pois é um nativo da Guarda e sabe as “golpadas” todas!
Depois seguiu-se Salamanca, Burgos, Logroño e Pamplona. Esta é a tirada mais difícil mas vale a pena o esforço porque, 950 Km depois, estamos já a “cheirar” os Pirinéus.
Instalados no hotel, o único que marcámos antecipadamente, ainda fomos até ao Casco Antiguo, Ciudadela, Plaza del Castillo, Cafe Iruña, Catedral... e beber um copo, claro, que já tínhamos encostado as máquinas! (http://www.spain.info/en/que-quieres/ciudades-pueblos/otros-destinos/pamplonairuna.html)
Passou-nos o cansaço! Pamplona cura tudo!
Etxalar
No dia seguinte saímos em direcção a Irun pela N-121-A, ao longo do Rio Bidasoa e dirigimo-nos para Etxalar, entrando definitivamente na montanha.
Daí passámos por Sara, Sare (França), Espelette... e terminámos o dia em Saint-Jean-Pied-de-Port. Montanha e vales já com fartura! Obrigado Esperanza pelas tuas dicas!
Bonita terra mas muito solicitada turisticamente face à importância que detém no Caminho de Santiago.
Daqui para a frente foi seguir a tal rota, pelas “Dês”! D18, D19, D16, D918... e outras pequenas variantes que nos convidam pelo caminho mas sempre, sempre a fugir das grandes estradas nacionais.
Col d´Altza “abre o livro” e de seguida sacode-nos a série de montanhas e vales a que nos propusemos fazer.
Gorges d´Holzarté
Burdincurutcheta, Heguichouria, Larrau (adoro estes nomes Bascos) Marie Blanche, Porteig...
Pelo caminho, julgavam aqueles dois que vinham só papar quilómetros de mota, fizémos uma pequena alternativa, após Larrau, para ir até às Gargantas de Holtzarté ( http://www.topopyrenees.com/randonnee-passerelle-dholzarte-600m/ )
Col d'Aubisque
São cerca de 45 minutos de caminhada para cada lado mas pensem em 2 horas se lá quiserem ir. E vale bem a pena ver aqueles vales e passar na ponte suspensa a uns 140m de altura.
Col d'Aubisque
De papo cheio até Laruns onde dormimos. Alguma dificuldade para encontrarmos poiso para dormir mas, à boa maneira tuga, alguém disse a não sei quem que repetiu à vizinha que sabia que um pequeno hotel estava fechado mas que a senhora abria se... enfim... dormimos bem e barato!
Mais um dia, mais uma viagem, mais uma voltinha! E que voltinha a deste dia!
Col du Tourmalet
Gourette, Col d’Aubisque, Soulor, Col d´Aspin, Vale de Arreau, Aucun, Sère, Col du Tourmalet, Saint Lary Soulan, Túnel de Bielsa, Bielsa... mais uma barrigada de grandes paisagens. O jantar que tivemos em Bielsa também não ficou atrás! Do melhor e, digamos assim, dormimos que nem uns santos!
Como já tinham saudades de um trilho a pé (digo eu) levei-os até Vale de Pineta (http://www.minube.com/rincon/valle-de-pineta-a53707). Certamente um dos locais mais bonitos e dramáticos que conheço!

Vale Pineta
Lá os convenci... uma pequena rota (Cascadas Y Llanos de Larri e Caminho Marboré) subindo pelas cascatas e descendo por um trilho até regressar ao parque de estacionamento... eles lá iam dizendo que estavam a gostar mas são pessoas educadas!
Já que estavam a alinhar, de seguida, convidei-os a ir até ao Cañon de Añisclo. (http://www.viajealpirineo.com/canon-anisclo-ordesa/)
Imperdível a via de sentido único de uns 12 Km desde Escalona! Que estrada (HU-351) ao longo daquela fenda! E não há autocaravanas... não cabem! (http://www.dangerousroads.org/europe/spain/1837-hu-631.html)
Cañon d'Anisclo
Chegados ao parque de estacionamento vale também a pena parar e experimentar uma rota a pé admirando esta paisagem. Certamente, para quem gosta, outras 2 horas bem empregues. Mais duas somadas às outras a pé, lá atrás. e ainda não me tinham linchado! Boa gente! 
Tinham(os) direito a um prémio e fomos ficar a Ainsa com tempo para visitar esta fantástica localidade medieval, para mais com um tempo de feição para poder gozar as esplanadas. Grande fim de tarde merecido! (http://www.spain.info/en/que-quieres/ciudades-pueblos/otros-destinos/ainsa.html)
Tantos elogios fizemos ao tempo que acordámos no dia seguinte com chuva! Nada de mais mas cuidados redobrados nunca fizeram mal a ninguém! E, para variar caminho, já com ideia de ir regressando mas por caminhos diferentes, rumámos a Huesca e à bela Segovia onde também ficámos para a ver de noite e na manhã seguinte. Vale! (http://www.spain.info/en/reportajes/un_dia_en_segovia.html)
Segovia
Pela hora de almoço lá agarrámos nas motas e vai de iniciar o regresso a Lisboa, com excepção do Carlos que ficou pela Guarda.
Direcção Tudela, Soria, Avila, Vale de Jerte, Plasencia, Caceres, Badajoz e Lisboa via N4, que as AE´s pesam!
Sempre com calma, sempre sem sobressaltos, com vontade de ter parado ainda em mais locais que, mentalmente, vamos agendando para o futuro. Lá chegámos a casa 2.800 Km depois.
Termino com um agradecimento especial ao Carlos e ao Zé, os dois amigos que me acompanharam e que foram sempre uma companhia de excelência! Também a tantos outros que pelos seus relatos, pelo seu apoio, pelo seu incentivo e alegria na abordagem do tema nos incentivam a ir,voltar e... contar!
Vitor, continua a tratar-me bem da Transalp! Obrigado!
Foi bom!
Desculpem a seca!
Até à próxima!

2 comentários:

  1. Viajei na tua escrita pela madrugada em que apareceu no facebook e a minha recente operação à catarata (coisa de velhos) não me deixava dormir. Deliciei-me com a tua descrição, e só parei no fim. Disseste-me um dia que podíamos viajar lendo um livro, verdade, este pequeno texto leva-nos por aí fora e viajamos mesmo, acompanhados da excelente reportagem fotográfica. Um aparte, não sei se és do tempo duma série infantil, a "Heidi", passada nos Pirinéus. Pois, até parece que a via saltitando pelos montes. Desejo-te muitas viagens com a alegria desta, que foi o que transmitiste e obrigada pela partilha!

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  2. Obrigado Clô!
    Claro que sou do tempo da Heidi... e mais além!
    Recupera rápido dessa operação.
    Bjs.

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